VAR: derrotou, mas não matou!
Por: Jéssica Silva
A insatisfação da Massa tem acontecido com frequência por ver o Galo jogando mal, sem aparentar preocupação com resultados ruins e com uma postura de time pequeno. No entanto, ontem foi diferente. O “super time” do clube do lado de lá não foi tudo isso que pintaram a semana inteira, tampouco colocou medo em alguém por aqui. Na verdade, precisaram de ajuda alheia para conseguir uma vitória simples.
A teoria de que alguns jogadores estavam fazendo corpo mole para derrubar Levir Culpi do cargo de treinador do Atlético passou a fazer muito sentido após o clássico. Diferente do que se viu nos últimos jogos, ontem o Galo teve a postura de quem almejava vencer, sem se inibir pelo favoritismo dado ao adversário!
Imagem: Atlético
As limitações atleticanas ainda existem, isso não se resolve do dia para a noite, mas não houve uma disparidade absurda entre a atuação do rival e a nossa, que foi a tecla onde muitos bateram antes da partida, na realidade, falta de sorte e erros grotescos de arbitragem foram os fatores que nos tiraram a vitória. O Galo não fez uma partida omissa, não foi inferior ao rival em nenhum momento, mas foi amplamente prejudicado em lances importantes que decidiram o jogo.
Pênalti claro de Dedé em Igor Rabello, cobrança de escanteio do rival que acabou em gol quando o correto seria tiro de meta, jogador metendo a mão na bola (vôlei?!) para fazer um gol sem levar cartão amarelo foram alguns lances ignorados pelo árbitro, aparentemente com a pior das intenções. Não há time empenhado que resista à uma equipe que vem munida de um homem a mais com o apito na boca e um árbitro de vídeo, ambos mal intencionados.
O erro mais inaceitável do clássico no Mineirão foi o lance em que o zagueiro rival puxou Igor Rabello pela camisa, dentro da área. Na minha cidade, isso se chama PÊNALTI ESCANDALOSO, daqueles que nem de longe podem ser relevados. Coincidentemente ontem, a favor do time adversário, esse pênalti claro foi ignorado descaradamente. Ser derrotado no futebol tudo bem, não agrada, mas faz parte da disputa. Porém, ser prejudicado por profissionais mal preparados, agindo na malandragem para beneficiar o que dizem ser um “baita time” é difícil de engolir.
Em qualquer queda simples de jogadores vestidos de azul, os atleticanos eram prontamente repreendidos pelo juíz. Em contrapartida, o Galo via seus lances que poderiam acabar em gols sendo interrompidos por faltas que passavam despercebidas pelo senhor com o apito na boca, que parecia ter levantado da cama de manhã com o objetivo de prejudicar o Atlético.
Durante o jogo no Mineirão ficou claro que o rival não é tudo isso. É mais bem treinado que o Atlético (hoje em dia quem não é?), tem mais opções dentre suas peças, um treinador de longa data no comando da equipe e um esquema tático definido, porém, no mano a mano, não se impôs sobre o Galo e também não mereceu a vitória, já que se absteve de jogar e teve mais sucesso na mão grande que com a bola no pé.
Os desentendimentos entre as equipes dentro de campo foram muitos, mas o prejudicado ao fim de tudo era sempre o Galo. Se o árbitro de vídeo existe para impedir qualquer erro que possa interferir no resultado de uma partida, mas depende da interpretação do juíz que, no caso do jogo de ontem, estava mal intencionado, o objetivo de diminuir resultados injustos não será facilmente alcançado. Além disso, qualquer lance que cause dúvida deveria ser analisado pelo VAR, já que muitos deles passam batidos, prejudicando o andamento da partida.
Não se trata de culpar a arbitragem pelo insucesso do Galo para desviar o foco da derrota, mas se os erros acontecem eles devem ser apontados para que os nossos direitos sejam devidamente reivindicados. A Federação Mineira de Futebol precisa ser cobrada, o Atlético não pode simplesmente abaixar a cabeça e aceitar uma derrota que não aconteceria em outras circunstâncias, já que os pontos altos do time rival no jogo foram proporcionados pela arbitragem, não por seus jogadores. O problema é que temos uma diretoria omissa, um presidente que mais fala besteira que age em prol do clube e esperar alguma atitude decente de Sette Câmara é otimismo demais.
Clássico é guerra, jogo de vida ou morte, independente de qual seja o objetivo.
Ver o Galo com mais sangue nos olhos e usando de inteligência para encarar o adversário ameniza o resultado final, que pode facilmente ser revertido no jogo da volta. O Atlético tem totais condições de construir uma vitória simples, ou até mais do que isso, e ficar com a taça do Campeonato Mineiro honestamente, sem a ajuda de terceiros.
Na volta, não teremos Adilson, expulso nos minutos finais. O real motivo da expulsão até agora não está claro, mas o Galo faz bem se encarar isso como uma vantagem. O volante fez mais uma partida ruim, errou muitos passes e deu alegria aos adversários, sendo assim, sua ausência deve ser comemorada. Reforço atleticano!
A expectativa para o jogo da volta é ver o Galo jogando pela vida, indo até o fim, acreditando em cada bola, se aproveitando de cada lance e perseguindo cada chance, por menor que ela seja. Jogador rival não é amigo, pelo menos não em campo. O objetivo de ambas as partes é o mesmo, mas a taça não pode ser levantada pelos dois times, sendo assim, que ela fique conosco. Para isso, qualquer um vestido de azul deve ser encarado como inimigo dentro das quatro linhas, e cabe ao Atlético ir para cima, pressionando o adversário que dificilmente saberá como segurar a pressão, levando em consideração sua postura ontem. Se o Galo construir uma boa vantagem ao longo dos 90 minutos, as atuações maldosas da arbitragem não deverão interferir no resultado final novamente.
A Massa sempre se fará presente, em qualquer lugar. O Mineirão é a nossa casa, já que a torcida atleticana é a única que dá alegria à arquibancada do Gigante, mas o rival também se sente a vontade jogando por lá. Aposentar o Independência não seria uma decisão ruim, mas para essa final jogar no Horto pode fazer diferença, já que o segundo time de Belo Horizonte não tem tanta familiaridade assim com a nossa segunda casa. Qualquer vantagem que o Galo tiver para jogar essa final deve ser aproveitada – honestamente, ao contrário do que se faz do lado de lá, e usar a injustiça cometida ontem como combustível para inflamar os jogadores atleticanos também pode dar muito certo.
Que o Galo consiga repetir boa parte do que fez no jogo de ida, que jogue sem covardia, de igual para igual contra um adversário que dizem ser muito melhor, mas que no fim das contas não fez mais que tumultuar o que poderia ser um jogo digno da rivalidade que há em Minas Gerais.
Derrotados, não mortos.
Ficha técnica: cec-MG 2 x 1 Atlético
Motivo: ida da final do Campeonato Mineiro
Local: Mineirão, em Belo Horizonte (MG)
Data: 14 de abril de 2019 (domingo)
Horário: às 16h (de Brasília)
Árbitro: Wagner do Nascimento Magalhães
Assistentes: Rodrigo Figueiredo Henrique Correa e Michael Correia
Árbitro de VAR: Bruno Arleu de Araújo
Gols: Marquinhos Gabriel – 45’/1ºT (1-0); Ricardo Oliveira – 10’/2ºT (1-1); Léo – 15’/2ºT (2-1)
Cartão amarelo: Fred, Henrique, Lucas Romero, Edilson, Marquinhos Gabriel e Rafinha (Crüzeiro); Luan, Ricardo Oliveira, Fábio Santos, Adilson, Leonardo Silva, Victor (Atlético)
Cartão vermelho: Rafinha (cec-MG); Adilson (Atlético)
cec-MG:
Fábio; Edilson, Léo, Dedé e Egídio; Henrique, Lucas Romero (Ariel Cabral), Robinho (Rafinha) e Rodriguinho (Pedro Rocha); Marquinhos Gabriel e Fred.
Técnico: Mano Menezes.
Atlético:
Victor; Guga, Leonardo Silva, Igor Rabello e Fábio Santos; Adilson, Elias, Juan Cazares (Vina) e Luan (Maicon Bolt); Chará e Ricardo Oliveira (Geuvânio).
Técnico: Rodrigo Santana (interino).
ASSISTA NOSSO PÓS JOGO: https://www.youtube.com/watch?v=eKxdvmxzSXw