Indiferença – Por Denilson Rocha
Todo relacionamento tem altos e baixos, dias bons e dias ruins… É natural, quando existe sentimento, passar por momentos de alegria, tristeza, satisfação, raiva e por aí vai.
Em relação ao Atlético também é assim. Todos passamos por aqueles momentos de extrema alegria e satisfação com um título, uma vitória ou apenas um gol. E também temos aqueles momentos de raiva com os gols sofridos e com as derrotas. O importante é que só temos estes sentimentos com o que nos é importante.
Em geral, também temos estes sentimentos (ultimamente mais negativos que positivos) com Levir, Patric, Elias, Fábio Santos… Xingamos, gritamos, ficamos nervosos, justamente porque nos são importantes. São importantes porque estão no Atlético e estar no Atlético, por si só, é importante. Mas lá no fundo, também são importantes porque não queremos chegar ao nível de perder o respeito à pessoa e ao profissional. Em muitas vezes, pedir para que saiam do time não é apenas pela melhora que esperamos no futebol, é para preservar a pessoa e o profissional com quem não temos mais paciência.
Por exemplo, a história do Patric é comovente, mas isso não o faz um melhor jogador. Então, justamente por respeitarmos sua história, passou da hora de preservá-lo e isso se faz o tirando do time.
Mas o pior que se pode acontecer em algum relacionamento é a indiferença. O pior é quando deixa de ser importante e não temos mais qualquer sentimento, positivo ou negativo… Não significa mais nada… E é isso que estamos enxergando.
Primeiro, vemos uma profunda indiferença de vários jogadores em relação à cultura, a história e a torcida do Atlético. É claro que os atletas são cada vez mais profissionais e há cada vez menos envolvimento emocional com os clubes. Nós, em nossos trabalhos, também somos profissionais, mas também é importante conhecer onde estamos e nos sentir parte daquele lugar. A história do Atlético é marcada pela paixão, pela garra, pela luta, pela determinação, pelo esforço, por acreditar sempre. Mas vários atletas optaram por ser indiferentes a isso… Andam em campo, não tem qualquer dedicação, empenho ou vontade. Não se identificam com a história que representam. Se vencerem, tudo bem, se perderem, tudo bem também… São absolutamente indiferentes com o clube e com a Massa.
A postura em campo mostra bastante do que é a liderança no Atlético, do técnico ao presidente. Também tratam a torcida com indiferença. As críticas, os questionamentos, as sugestões, o interesse… nada importa. O que o torcedor pensa, o que o torcedor sente, o que o torcedor deseja para o Atlético é completamente ignorado. Seja porque acham que não entendemos de futebol, seja porque se sentem seguros demais como “donos” do clube. A Massa é um detalhe com o qual eles devem conviver. E a maior representação disso esteve na fala do técnico Levir Culpi, na entrevista após o jogo contra o Nacional: “E daí?”.
De tudo isso, o que mais me preocupa está no outro lado da relação. Parte da torcida também está ficando indiferente e esse é o maior perigo. Exceto os resistentes, os persistentes, já não ficamos indignados como antes, já não sofremos como antes, já não cobramos como antes, já não acreditamos como antes.
Em sua história centenária, o Clube Atlético Mineiro ficou marcado por sua torcida, pela Massa. O Galo simboliza a luta, a garra, a determinação incansável em buscar as vitórias. Fomos temidos porque time e torcida sempre estiveram juntos. Está na hora de jogadores, técnico e diretores voltarem a respeitar, valorizar e ouvir a Massa. E que a Massa, que vai se mostrando desanimada, retome sua força e o grito do “Eu acredito!” – respeitado, repetido e copiado em todo o Brasil. Somente assim, juntos, voltaremos ao caminho das vitórias.
Por: Professor Denilson Rocha (@denilsonrocha)
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