Galo vai mal na Libertadores e estreia com mero empate

Foto: Flickr oficial do Atlético

 

Por: Jéssica Silva

De roupa nova, o Galo estreou na Copa Libertadores da América contra o Deportivo La Guaira. Em um jogo onde a equipe se comportou de maneira diferente nas duas etapas, o saldo foi apenas um empate, o que está longe de ser o ideal, principalmente após as expectativas criadas pelo torcedor para o início de um torneio tão importante. Vale lembrar que o time venezuelano fez apenas sua segunda partida na temporada 2021 e, ainda assim, conseguiu medir forças com o Atlético sem muitas dificuldades.

A equipe de Daniel Farías tinha como objetivo priorizar sua defesa, o que ficou claro desde os primeiros momentos. O Atlético, que já tinha apresentado dificuldades ao enfrentar times muito fechados, quase não conseguiu fazer nada nos primeiros quarenta e cinco minutos, mesmo ficando com a bola na maior parte do tempo.

Mesmo que tomar a iniciativa não fosse o objetivo do La Guaira, nos contra-ataques a equipe venezuelana chegou a assustar o time atleticano, que contou com o goleiro Everson para fazer boas defesas e evitar um cenário mais difícil. Infelizmente, após boa intervenção do arqueiro, o Galo saiu atrás, já que o time da casa se aproveitou de uma sequência de falhas defensivas para abrir o placar com Adrián Martínez.

Os erros na defesa só ilustram o quanto a equipe comandada por Cuquinha estava desorganizada e desatenta. O jogo lento do Atlético, que tem uma equipe infinitamente mais qualificada, beneficiou o jogo adversário e complicou o que deveria ser uma partida fácil.

Tanto as falhas cometidas quanto as oportunidades perdidas durante o jogo mostram que Vargas não tem condições de ser titular neste time do Atlético. Como uma opção para entrar no decorrer da partida ele pode até ser útil, mas futebol é regularidade e o jogador não vive seu melhor momento.

Uma equipe que faz tantos cruzamentos sem objetividade mostra que não tem repertório, mesmo que tenha boas opções. Obviamente, se o coletivo não for bem treinado para funcionar não há jogador caro que se destaque. O La Guaira é uma equipe que enfrenta diversas dificuldades e está completamente sem ritmo, portanto, não deveria ter dado tanto trabalho ao Atlético, pelo menos não nas atuais circunstâncias.

Para a etapa complementar, as primeiras alterações proporcionadas por Cuquinha fizeram diferença e mudaram a postura do Galo. Com a entrada de Hulk, a equipe alvinegra ganhou mais força pela direita. Já com Zaracho, a qualidade do passe aumentou consideravelmente. O time jogava apressado, tentando correr atrás do prejuízo, e o ímpeto do argentino deixou claro que ele não deveria ficar no banco de reservas.

Com uma sequência de escanteios, o Galo tentava balançar as redes, mas parava em defesas do goleiro adversário. O La Guaira não passava do meio-campo, mas conseguiu manter o placar por um bom tempo.

Somente aos 21 minutos do 2° tempo é que o time atleticano pôde comemorar um gol. Após chute de Guilherme Arana, Carlos Olses falhou e Zaracho, um dos destaques do jogo, estava lá para aproveitar a oportunidade. Falando em destaque, o goleiro Everson, tão cobrado, merece uma ressalva também. Com intervenções importantes, ele evitou um placar muito pior, o que também evidencia o tamanho do problema do Atlético. Jogando contra uma equipe como o La Guaira, com todo o respeito, nosso goleiro deveria ser o último a se destacar.

Cuquinha até tentou fazer do Galo um time mais ofensivo com as entradas de Marrony, Nathan e Sasha no decorrer do segundo tempo, mas nada fez com que o placar mudasse. O time atleticano mostrou, mais uma vez, que atletas caros não são o suficiente para fazer boas partidas e mostrar serviço.

É normal que o empate seja decepcionante, afinal de contas, o Atlético enfrentou o time mais fraco de seu grupo. Vencer era sim uma obrigação, mas fica cada vez mais claro que não houve evolução alguma sob o comando de Cuca, que se mostra muito ultrapassado. Vimos muitos cruzamentos, escanteios, mas nada de jogadas trabalhadas, nada de aproveitar a posse de bola. Isso, definitivamente, não é o que se espera de uma equipe milionária.

Já não há mais tempo para aguardar uma evolução, também não estamos apenas com obrigações estaduais, mas sim continentais. Uma das competições mais importantes da temporada já começou e o Galo, apesar de ter investido tanto, não se mostra pronto, tampouco se parece com uma equipe que tem sangue nas veias.

A principal mudança deve ser na postura do time, que parece não saber o tamanho da responsabilidade que tem. Será que existe cobrança por parte do comandante atleticano? Será que Cuca realmente entendeu o objetivo do Atlético para o ano de 2021?

Após essa noite de horrores, a sequência da temporada preocupa. Uma partida sem repertório, sem qualidade e sem um placar satisfatório evidencia que de nada adiantar mudar o uniforme se a atitude não mudar também.

DEPORTIVO LA GUAIRA-VEN 1 X 1 ATLÉTICO

Deportivo La Guaira-VEN
Carlos Olses; Agnel Flores, Adrián Martínez, Francisco La Mantia, Henry Pernía e Yohan Cumana; Arles Flores, Francisco Pol (Aramburu, aos 47′ do 2ºT) e Carlos Cermeño (Guillermo Marín, aos 25′ do 2ºT); José Miguel Reyes (Ángelo Peña, aos 11’ do 2ºT) e Darwin González (Yackson Rivas, aos 47′ do 2ºT)
Técnico: Daniel Farías

Atlético
Everson; Guga, Réver, Junior Alonso e Guilherme Arana; Allan (Matías Zaracho, no intervalo), Tchê Tchê (Nathan, aos 32′ do 2ºT) e Nacho Fernández; Savarino (Hulk, no intervalo), Keno (Sasha, aos 18′ do 2ºT) e Eduardo Vargas (Marrony, aos 18′ do 2ºT)
Técnico: Cuca

Motivo: primeira rodada do Grupo H da Copa Libertadores
Data e horário: quarta-feira, 21 de abril de 2021, às 19h (de Brasília)
Local: Estádio Olímpico da Universidade Central da Venezuela, em Caracas (VEN)

Gols: Adrián Martínez, aos 20’ do 1ºT (DLG); Matías Zaracho, aos 19′ do 2ºT (ATL)
Cartões amarelos: Carlos Olses, aos 32′ o 2ºT (DLG); Eduardo Sasha, aos 21′ do 2ºT (ATL)

Árbitro: Facundo Raúl Tello Figueroa (ARG)
Assistentes: Ezequiel Brasilovsky (ARG) e Pablo González (ARG)