Um ano duro, mas o Atlético vai ser passado a limpo

Foto: Reprodução Arena MRV

 

 

Uma matéria que repassa os problemas, soluções, perspectivas e ideais coletados e pesquisados para fazer o torcedor entender o Projeto Galo 2021, desde as finanças aos seus investimentos no time

Por: Betinho Marques / @rmarques13

O Fala Galo desde sua fundação teve como premissa básica a investigação e o cuidado em fazer análises sobre a saúde financeira do Atlético, já que, o segmento do seu jornalismo é informar tudo sobre o Galo.

Desta forma, ao longo de vários dias fizemos pesquisas que pudessem elucidar a realidade atual das contas atleticanas. Em uma verdadeira coleta em “colcha de retalhos”, passando por várias pessoas ligadas ao clube, conseguimos montar um quebra-cabeça para a leitura do torcedor antes da divulgação do balanço e das ações de transparência que serão divulgadas pelo clube nas próximas semanas, até o início de abril.

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Duríssimo o ano de 2020

Apurando com fontes ligadas ao clube, há uma preocupação uníssona e enorme com o fechamento do balanço de 2020, o prenúncio em função da pandemia já era esperado, uma delas definiu o ano anterior da seguinte maneira:

“Ano duríssimo, receitas de TV todas já estavam adiantadas, receitas de vendas de atletas quase que zeradas, nada de match day, dívidas com a Fifa chegando a cerca de R$ 70 milhões, enfim, um estrago”.

 

Fechar o balanço – Uma luta inglória

Uma das preocupações no Galo neste momento é o fechamento das contas de 2020 que deverão confirmar o tamanho dos prejuízos do clube no exercício anterior. Obviamente, todos os clubes estão vivendo dificuldades absurdas, mas é nesse momento que uma condição piora os cenários: a falta de gestão eficiente e profissionalismo pioram o que a pandemia já gerou.

 

2021 um ano difícil e de muito trabalho

A temporada de 2021 já está acontecendo, mas a administração do clube terá ainda muita conta, organização e trabalho para colocar em dia, listamos abaixo alguns desafios e problemas da atual diretoria para acertar o caixa do ano corrente:

  • Ainda em 2021 o Galo deve pagar ainda aproximadamente R$ 50 milhões em dívidas da FIFA (orçamento de 2021 prevê R$ 40 milhões);
  • Janela de janeiro sem transferências foi péssima. A preocupação do clube em efetuar transferências para diminuir “buracos” não obteve êxito. O clube não conseguiu negociar atletas que tinham potencial de Europa e fazê-lo é uma necessidade urgente;
  • O match day (experiência em dias de jogo – lucros com o evento) sem previsão de retorno pelo menos até o segundo semestre em função da pandemia do Coronavírus.

 

Gestão eficiente, mudança total no estatuto e clube-empresa

Pesquisando ainda com diversas fontes, algumas informaram que as gestões dos últimos dez anos do clube estão obsoletas para os dias atuais e que o clube precisa melhorar a administração dos seus recursos. Sem querer apontar dedos, mas claramente preocupados, frases repetidas e similares foram recorrentes:

“Gestões assim, ineficientes, com erros grosseiros destroçaram o clube ao longo dos tempos. Não imaginávamos que poderia ser tão difícil, por isso, será feita uma reformulação total do estatuto”.

Outra novidade que está sendo batalhada é a mudança do estatuto. Por vários no clube, a “constituição federal” do Atlético, ou seja, o documento mais importante da entidade é atrasado e não aplicável aos tempos atuais. Desta maneira, a promessa é que o novo estatuto mudará por completo a gestão do clube.

Outra preocupação do torcedor, sobre a possibilidade de mudança de estatuto levar o Atlético a se tornar um clube-empresa foi abordada pelo FG que obteve a seguinte resposta:

“Se vai virar empresa daqui 5 ou 10 anos ou nunca é decisão do conselho e torcida. Mas o importante é a super gestão e que todos os instrumentos virem estatutários”.

 

Mais dificuldades e despesas com André Cury

Ainda no campo das preocupações, o Atlético prevê pagar um montante à FIFA entre os anos de 2019 a 2022 o equivalente a cerca de R$ 180 milhões referentes à Fifa. A previsão ainda, é que a atual administração pagará o equivalente a R$ 400 milhões em dívidas de gestões anteriores.

Sobre o agente André Cury que foi noticiado nas últimas semanas, o clube reconhece que há dívidas e que pagará, contudo, os valores são bem diferentes dos pleiteados por Cury. Pelo informado ao FG, acredita-se que os valores corretos devam chegar em metade do informado pela matéria veiculada pelo GE e assinada por Fred Ribeiro, que giravam em torno de R$ 35 milhões.

“Negociações absurdas, mas o clube deve e pagará os valores corretos que são diferentes dos que ele pede, mas o que deve pagará. ”

Algumas estimativas dão conta que Cury em grande parte do tempo intermediou mais de 70% das negociações do clube, e isso não deve continuar a acontecer na gestão atual.

 

Perspectivas boas, promessa de transparência e gestão eficiente

A realidade atual do clube, para quem enxerga gestões eficientes de empresas bem-sucedidas assusta o grupo gestor atual composto basicamente pelos chamados 6 homens do Galo (os 4R’s + presidente + vice). Contudo, o advento do estádio do Atlético e os investimentos no time desde 2020 mostram claramente, que apesar de tudo, desistir de tornar o Atlético autossustentável não é uma opção, é um caminho sem volta.

Uma das ações prometidas é focar na atividade-fim: o futebol. Enxugar custos desnecessários para investir em um time que lute por tudo não é um luxo admitido pela nova gestão, é a sobrevivência de fazer futebol. Portanto, investir em Nacho Fernández, Hulk e atletas de lastro vencedor é uma associação de marcas e distintivos vitoriosos.

Gastar é outro conceito: utilizar recursos escassos em áreas que não geram retornos. Investimentos são vários: taças, transações de atletas valorizados, associação às marcas positivas, multiplicação do alcance na internet de forma mundial, investir na base, enfim, é o fortalecimento em múltiplas plataformas inexploradas anteriormente ou exploradas de forma incipiente.

“ O retrato do momento é feio, mas o caminho para chegar lá já foi desenhado. Demorará, mas o Atlético vai sair dos seus abismos. Serão tempos de muito trabalho, muita responsabilidade e gestão de alto nível”

Ainda voltando à tecla da transparência, o FG ouviu várias pessoas ligadas ao clube que mesmo relatando todas as complexidades das contas atuais, foram uníssonas em transmitir uma realidade dura, mas de perspectivas positivas para o Atlético nos próximos anos.

“Estamos em situação difícil sim, mas estamos praticamente com os direitos de imagem e salários em dia, a folha do clube deve subir, mas em 2020 foi de cerca de R$ 13 milhões considerando impostos. Em breve, nenhum clube da América Latina terá o padrão gerencial do Atlético. A luta é gigantesca e vai demorar, mas o Atlético passará a ser um clube extremamente transparente, obviamente resguardando salários e ações estratégicas, mas repito: seremos potência no campo e referência no padrão gerencial, é um caminho sem volta”.

***O Fala Galo apurou que nas próximas semanas a torcida será informada sobre as ações de transparência do clube.