Sócio Torcedor Brasil x Europa

 

Tomaz Araújo
17/01/2020 – 08h38
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Quando assistimos às grandes ligas europeias, sempre nos impressionamos com o percentual de preenchimento dos estádios. É normal ver nas ligas alemãs e inglesas clubes com ocupação de até 99% durante a temporada inteira. Essa presença maciça dos torcedores aos jogos é a soma de diversas ações que vão desde a montagem do elenco, marketing, gestão e culminam especialmente na e,struturação de um programa de sócio-torcedor atrativo.

No ranking mundial dos clubes com mais torcedores associados, não surpreende termos o alemão Bayern na liderança com 258 mil sócios-torcedores, seguido do inglês Arsenal, com seus 225 mil associados. As grandes surpresas no top 10 são os portugueses Benfica com 157 mil, Sporting com 136 mil e o Porto com 110 mil.

O que esses números nos mostram?

Termos um clube alemão, inglês ou espanhol nas cabeças do ranking é algo absolutamente esperado e normal. Os países citados possuem populações de 81, 53 e 46 milhões de habitantes respectivamente. Dessa forma, é mais que natural que tenham números expressivos de associados. Porém, se cruzarmos a informação que Portugal tem uma das menores populações européias com apenas 10 milhões de habitantes com o fato que a soma dos sócios-torcedores de Benfica, Sporting e Porto resulta em 403 mil, chegamos a assustadora conclusão que mais de 4% de toda a população portuguesa é associada à algum clube de futebol. Um feito extraordinário, ainda maior se somarmos os sócios-torcedores dos outros 33 clubes das 1ª e 2ª divisões.

Se usássemos esse mesmo percentual de 4% português para a população brasileira de 207 milhões, precisaríamos de 8,2 milhões de sócios-torcedores. No entanto, a soma do nosso top 10 nacional de associados não chega nem a 1 milhão.

Outro fato chocante é sabermos que Portugal passa pela maior crise econômica de sua história, com o PIB negativo por seguidos anos e batendo o fundo do poço em 2012 com -4,2%. A crise que assola o país atingiu o futebol onde o Benfica, que liderou o ranking mundial por 3 anos consecutivos, viu seu quadro de sócios-torcedores cair de 270 mil para os atuais 157 mil. O número de inadimplentes disparou, considerando aqueles que não pagaram nenhuma mensalidade nos últimos 12 meses.

Na verdade, chegamos à conclusão que Portugal é o país do futebol. A Eurocopa 2016 e Cristiano Ronaldo que o digam! E a grande pergunta é: o que o Galo pode aprender com os clubes portugueses?

Mais do que a simples experiência de ir aos jogos, os programas de sócios-torcedores portugueses oferecem uma série de benefícios. Lá, ser sócio não significa apenas pagar mais barato o ingresso e poder votar no presidente -benefício que estamos anos luz de distância. Além do direito de ter um lugar no estádio ou obter o ingresso com desconto, existe a possibilidade de pagar menos em lojas, restaurantes, postos de combustíveis e muitos outros produtos e serviços. Existe até um bônus dado pelo cartão de crédito do clube que credita dinheiro para cada gol marcado pelo time. São tantas as opções que aquele torcedor que tem um comportamento de consumo mais fiel recebe mais do que paga ao clube.

Parece óbvio, mas para torcedores que não residem em Lisboa, há opções de sócio mais baratas, assim como temos o Galo na Veia Branco, além de planos para crianças e adolescentes. Aparentemente o Galo buscou inspiração nos melhores modelos para reformular seu programa. A consequência disso é termos alcançado a 4ª posição no Ranking Brasileiro, com 116 mil sócios, atrás apenas de São Paulo, Grêmio e Palmeiras.

Programas de ST que cabem em todos os bolsos é um dos segredos do GNV. Mas o potencial de parceria e crescimento com a construção da Arena MRV é gigantesco. Seguindo Portugal, há uma infinidade de serviços oferecidos: travel money, cartão de crédito, fan zone para os dias de jogos, seguros, clínicas, agência de viagens, festas de aniversários… a lista é longa. Dá até para financiar carros e motos com desconto.

Porto e Sporting seguem a mesma linha de serviços, além de oferecem colônias de férias e descontos progressivos na compra de uniformes oficiais de jogo.

Nos programas de sócio-torcedor brasileiros temos exemplos bizarros onde o associado tem desconto no supermercado e para comprar cerveja mas nenhum centavo de desconto na compra da camisa oficial do time. No Galo o GNV oferece desconto nas Lojas do Galo credenciadas, mas ações de marketing são mínimas. Raramente pipocam visitas relâmpago à Cidade do Galo, mas pouca interação com os jogadores é oferecida aos associados. Eu, por exemplo, morando no exterior vejo meu GNV mais como uma forma de demonstrar pertencimento e “ajudar” o clube do que necessariamente ter algo em retorno. E é exatamente nisso que o Galo pode evoluir.

O futebol brasileiro como um todo vem evoluindo. Desde 2013, o Movimento Por Um Futebol Melhor já concedeu mais de R$80 milhões em descontos aos sócios-torcedores dos 74 clubes participantes. Mas ainda temos um longo caminho de melhoria dos serviços oferecidos. Chegaremos ao fim do torcedor raíz para uma geração de torcedores Nutella. Pagando bem, que mal tem?

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