Luz amarela acesa no Atlético: Nova dívida de R$ 5 milhões com a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional gera preocupação e liga o sinal de alerta
Silas Gouveia e Prof Denílson Rocha
20/08/2020 – 10h
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Que a situação financeira do Atlético é complicada e frágil, todos já sabem há anos. Historicamente endividado, o Clube passou as últimas décadas acumulando resultados negativos em suas contas. E mesmo com as mudanças que vem passando, não podemos deixar de lado as preocupações, pois até agora o que vimos foram muitos discursos e quase nenhuma atitude mais consistente. E de discursos a torcida do Galo já anda cansada.
Quando apresentou seu orçamento para o ano de 2020, as contas do Atlético foram alvo de muitos questionamentos. Uma previsão de empréstimo de R$ 80 milhões e a expectativa de R$ 100 milhões em vendas de atletas foram os pontos que mais chamaram atenção. Porém, são números que só serviram para retirar o foco dos pontos mais relevantes. Quem conhece as demonstrações contábeis do Galo (em especial, as demonstrações do fluxo de caixa) está acostumado a ver novos empréstimos em todos os anos e a previsão para 2020 era inferior ao realizado em anos anteriores. E a venda de atletas prevista está em um patamar próximo ao realizado nos últimos anos. Então, o que importava no orçamento era COMO aqueles números seriam alcançados, pois, tradicionalmente, o Galo não apresenta planos detalhados.
Neste mesmo espaço já elogiamos algumas ações do clube, como o orçamento do Atlético para 2020, que havia melhorado em relação às ficções dos anos anteriores, mas alertávamos que os planos de ação são essenciais para que o plano orçamentário não seja apenas uma peça para cumprir a burocracia e exigências legais, dentre elas as regras do PROFUT.
O Atlético começou 2020 com investimentos superiores ao que o orçamento previa – mesmo que parte do desembolso não fosse ser realizado no mesmo ano. Savarino, Arana, Allan foram alguns dos nomes que chegaram e cujos valores para contratação somavam mais que os R$ 20 milhões previstos no orçamento.
Mas ninguém conseguiria prever uma pandemia. Nenhum orçamento poderia prever algo com tamanho impacto. E todos precisaram rever seu planejamento, suas previsões de recursos e sua forma de agir. No futebol, a interrupção das competições levou à mudança radical na previsão de receitas, sem a expectativa de quando retomar a venda de ingressos e alteração no fluxo de caixa por indefinições de repasses de receitas de TV. Ou seja, em geral, as receitas seriam reduzidas.
Ainda assim, o Atlético foi ao mercado e, de maneira ousada ou até arriscada, levando-se em consideração o cenário de pandemia e redução drásticas de receitas, trouxe nomes importantes para composição do elenco e para se colocar como um dos candidatos ao título brasileiro. Também neste espaço, falamos desta estratégia como plausível e lógica, com investimentos em jovens atletas e um diferenciado treinador, com a busca de retorno esportivo e valorização do elenco para recuperar os recursos investidos. E o apoio de parceiros traria não só o dinheiro, mas, até mais importante, a credibilidade quanto ao caminho a ser trilhado. Pelo menos em tese até então.
Como não poderia deixar de ser, as críticas vieram fortes. As comparações com o rival se tornaram frequentes – em grande parte sem fundamentos para colocar os dois clubes no mesmo “balaio”. As dívidas históricas, a redução das receitas, a crise do rival, os “investidores”. Formou-se um pacote completo para que o Galo fosse definido pelos “especialistas” como o próximo a sucumbir. E qualquer deslize pode (e vai) ser tratado como sinal do Clube caminhando para o “previsível desastre”. E o sinal apareceu…
Uma inexplicável dívida próxima de R$ 5 milhões na Procuradoria Geral da Fazenda Nacional trouxe preocupação (www.listadevedores.pfgn.gov.br). A que se referem estes valores? O que levou o Atlético a entrar nesta lista de devedores?
Como as cifras envolvendo nossas dívidas são sempre na casa dos milhões, um valor de R$5 milhões poderia ser tratado como algo pouco relevante, mas, na verdade, nos deixa com uma enorme pulga atrás da orelha. Afinal, uma dívida tributária pode ter consequências no PROFUT – até mesmo podendo levar à exclusão do programa de refinanciamento – e ao bloqueio de recursos, inclusive dos voltados à construção do estádio. Ressalta-se, ainda, que a choradeira feita pelo rival em função dos bloqueios que já vem sendo alvo pode se acelerar as ações contrárias ao Atlético para demonstrar “isonomia”. Só aumenta nossa necessidade de ter cuidados redobrados.
Como é praxe no Atlético, falta transparência e explicações à torcida. O Fala Galo buscou representantes do Clube e teve a informação de que o valor será quitado ou parcelado ainda neste mês. Sem detalhes que expliquem a origem do débito, fica a previsão do pagamento. De qualquer forma, assim como no atraso para publicação do balanço de 2019, o Galo vem assumindo riscos além do necessário. Entendemos que não é preciso aguardar o “portal de transparência” para dar clareza a assunto tão relevante. A luz amarela está acesa.